Podcast Rio Bravo

Conversamos com o cientista político e escritor Bruno Garschagen, autor do livro “Pare de acreditar no governo”, recentemente publicado pela editora Record. Na entrevista, Garschagen fala a respeito da pesquisa que fundamentou o livro, indicando como e quando o Estado se agigantou a ponto de se tornar fundamental segundo a percepção majoritária da sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, o autor observa que os brasileiros conseguem enxergar os políticos como responsáveis pelas promessas frustradas e pelos escândalos de corrupção. Ao analisar essa contradição, Garschagen comenta que ocorre uma espécie de separação do governo em relação aos políticos, “como se esse governo não fosse formado por esses mesmos políticos”. Apesar do atual cenário de crise política, Garschagen é otimista em relação às ideias que começam a questionar a “terceirização” da responsabilidade individual. “Quanto mais o Estado cresce, mais as pessoas delegam ao Estado a responsabilidade de conduzir as suas próprias vidas”. Entrevista gravada

Conversamos com Roberto Dumas, que é economista, mestre em economia chinesa e professor do Insper. Na entrevista, Dumas analisa os acordos recentes entre Brasil e China, que, conforme o que foi divulgado, estreitam ainda mais as relações bilaterais desses países. Para Dumas, um dos principais objetivos do acordo (na perspectiva chinesa), sobretudo no tocante às obras de infraestrutura, é garantir o escoamento de commodities para a China. Ainda assim, o entrevistado aponta que é preciso olhar com reserva para a proposta da ferrovia que ligaria o Pacífico ao Atlântico, uma vez que os impactos ambientais podem exigir algum tipo de adequação dessa obra. O economista comenta, também, a importância das relações de força que contrapõem Estados Unidos e China, que, cada qual à sua maneira, pretendem estabelecer uma zona de influência ampliando mercados. Entrevista gravada em 03 de junho.

Conversamos com Leonardo Martinelli, que é músico e diretor de formação da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. Na entrevista, Martinelli comenta sua trajetória como músico e compositor e fala a respeito da Série Música Contemporânea na Sala do Conservatório, que tem como objetivo oferecer um repertório mais diversificado ao público frequentador do Theatro, sem descuidar da formação das novas plateias. Nesse sentido, Martinelli, que é o curador da série, conta que tão importante como o critério de seleção dos compositores foi a escolha dos intérpretes: “O mais justo foi render homenagem a quem está fazendo música contemporânea na cidade de São Paulo”. Como diretor de formação, o músico destaca, ainda, a existência de uma integração nos novos projetos da Escola Municipal, da Orquestra Experimental de Repertório e da Escola de Dança ao Theatro Municipal. Entrevista gravada em 25 de maio de 2015.

Conversamos com o jornalista e escritor Matías Molina, autor do recém-publicado “História dos Jornais no Brasil”, editado pela Companhia das Letras. Na entrevista, Molina fala sobre a origem do livro, a partir de uma série de artigos que escreveu para o jornal “Valor Econômico” e que agora ganham versão mais elaborada. Além disso, o jornalista comenta os principais momentos da evolução da imprensa no Brasil, que, no início, esteve mais vinculada a uma agenda política, sem preocupação direta com a formação de um público leitor mais específico. Avesso a qualquer previsão acerca do futuro da imprensa no país, Molina ressalta o esforço que as publicações têm adotado hoje em dia no sentido de preservar sua relevância junto ao público, salientando que, em algum momento, uma sociedade complexa como a contemporânea terá de escolher se vai querer sustentar veículos de mídia que ofereçam informação e conhecimento.

Conversamos com Henrique Dubugras, um dos fundadores da plataforma Pagar.Me. Na entrevista, Dubugras fala sobre a experiência de estabelecer a startup que nasceu com o objetivo de oferecer uma estrutura capaz de articular a área de pagamentos das lojas online aos sites dos bancos e às operadoras de cartão de crédito, possibilitando aos usuários a realização de compras com boleto, cartão de crédito ou transferência bancária. O entrevistado resgata a breve história da empresa, destacando o modelo avesso aos processos manuais, com o objetivo de ganhar tempo e eliminar custos. Dubrugas ressalta, ainda, a lógica que orienta o processo de contratação da empresa, que busca profissionais igualmente proativos e ambiciosos. Entrevista gravada em 13 de maio de 2015.

Conversamos com Luiz Felipe d’Avila, cientista político e presidente do Centro de Liderança Pública. Na entrevista, d’Avila fala sobre a importância do voto distrital, que, desde o fim de abril deste ano, retornou ao centro da discussão pública no país depois que o projeto de lei do senador José Serra foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Para explicar a importância dessa proposta, o cientista político observa como as distorções da proporcionalidade do voto têm afetado a vida política brasileira – elegendo candidatos com base em um sistema perverso e, com isso, distanciando o cidadão das discussões do Legislativo. Para d’Avila, os políticos que têm voto não temem a mudança para o voto distrital. E, ao final da entrevista, é categórico: “a discussão sobre o voto distrital é a única questão relevante na reforma política”. Entrevista gravada em 7 de maio de 2015.

Conversamos com Ronaldo Milan, leiloeiro oficial da Milan Leilões. Na entrevista, Ronaldo fala sobre a Vila Olímpia, cujo desenvolvimento vertiginoso nos últimos anos chama a atenção não somente pelo número de empresas que estão localizadas no bairro, mas, também, pelo fato de a região abrigar opções de lazer e moradia, além de guardar, como um relicário, alguns detalhes de sua “primeira formação”. A propósito disso, Ronaldo Milan resgata a história de seu pai, Michel Milan, o empreendedor que de modo pioneiro percebeu o potencial da Vila Olímpia (esta e outras histórias estão reunidas no livro “Michel e Vila Olímpia: sede de horizontes”). A respeito do futuro, Ronaldo Milan sinaliza que a região deve abrigar ainda mais pessoas nos próximos anos: “assim como a cidade está em movimento, o bairro também está se transformando”. Entrevista gravada em 27 de abril de 2015.

Conversamos com Claudio Sassaki, CEO da Geekie. Na entrevista, Sassaki fala sobre a Startup que existe desde 2011 e é especializada no desenvolvimento de produtos voltados para o setor de educação. A iniciativa se baseia em duas premissas elementares: 1) as pessoas não aprendem da mesma forma e 2) a tecnologia pode ser utilizada para entender como cada aluno pode aprender melhor. O entrevistado destaca que o modelo de negócio permite que as soluções da empresa também sejam direcionadas para as escolas públicas. “Seria uma contradição se o nosso produto buscasse apenas as escolas particulares; afinal, o aluno que mais precisa é o da rede pública”. Além disso, Sassaki ressalta que a Startup já tem obtido alguns resultados: os alunos que utilizaram a plataforma tiveram desempenho 30% melhor em relação àqueles que não usaram o mesmo recurso; de igual modo, aqueles estudantes com acesso à plataforma alcançaram performance melhor no ENEM. Claudio Sassaki é um dos fundadores da Geekie e mestre em educação pela Stanf

Conversamos com Luís Claudio Matos, professor e diretor-geral do Instituto Federal de São Paulo. Na entrevista, Matos alerta para o atual momento delicado em relação à geração e à distribuição de energia. Nesse sentido, vale a pena destacar que, hoje, o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Brasil está equivalente ao de 2001 – quando o país enfrentou uma onda de blecautes. Desse modo, o entrevistado explica como está estruturada a matriz energética brasileira e ressalta que é preciso pensar além da construção de novas usinas. “Se o volume de carga de energia consumida ao longo do dia for mais linear, de imediato haverá uma folga ao sistema elétrico”. Matos sinaliza, ainda, que não existem soluções absolutas em relação aos modelos de desenvolvimento, uma vez que todas elas provocam algum tipo de impacto, seja junto ao meio-ambiente, seja junto à sociedade.

Conversamos com Lauro Cavalcanti, que é arquiteto, antropólogo e escritor. Na entrevista, Cavalcanti fala sobre o livro “Dezoito Graus: Rio moderno, uma história do Palácio Gustavo Capanema”, obra que resgata os bastidores da construção do prédio do Ministério da Educação e Saúde do governo Vargas, atualmente conhecido como Palácio Capanema. Para Cavalcanti, embora muito contestado à época de sua concepção, o Palácio Capanema representa um marco não somente para a arquitetura do Rio de Janeiro, mas também para a cultura brasileira, destacando que o edifício segue ainda hoje como referência. Além disso, o arquiteto fala a respeito das reformas urbanísticas que acontecem atualmente no Rio de Janeiro, cidade que em 2015 completa 450 anos de fundação: “Eu tenho certeza de que esse momento que nós estamos vivendo vai ser referido no futuro como decisivo para mudança da face do Rio de Janeiro”. Lauro Cavalcanti é professor da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI/UERJ) e é diretor do Instituto Casa Roberto Ma

Conversamos com Adrianno Barcellos, que é CEO da plataforma Saúde Controle. Na entrevista, Barcellos fala sobre as características da iniciativa, que proporciona aos usuários o acesso aos dados médicos que, geralmente, estão espalhados e inalcançáveis tanto ao paciente que precisa realizar exames de rotina quanto àqueles que necessitam de atendimento mais especializado. A partir de um cadastro simples, informa Barcellos, estes dados podem estar disponíveis no computador, nos tablets ou mesmo no celular. Embora recente, a iniciativa já atraiu a atenção de investidores nos Estados Unidos. No Brasil, a estratégia da plataforma Saúde Controle tem buscado articular com as empresas para incentivar o engajamento de novos usuários. “As empresas têm capacidade de criar rotinas e promover o engajamento necessário para que as pessoas insiram seus dados”, explica Barcellos. Entrevista gravada em 16 de março de 2015.

Conversamos com Bernardo Guimarães, que é economista e professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Na entrevista, Guimarães fala a respeito do Doing Business, ranking elaborado pelo Banco Mundial que mostra quais são os melhores ambientes para a realização de negócios numa lista de 189 países. Atualmente, o Brasil ocupa a 120a posição, atrás de nações como Cingapura, Estados Unidos, Peru e Paraguai; e à frente da Argentina, da Venezuela e da Índia. Para o economista, a posição é incômoda, sobretudo, quando se pensa em outros rankings que medem do desempenho econômico. Nesse sentido, o entrevistado destaca que existem aspectos que puxam o Brasil para baixo no Doing Business, como a complicada dinâmica dos impostos que cada empresário precisa estar disposto a pagar se pretende abrir um novo negócio. Bernardo Guimarães é mestre em economia pela USP e PhD em economia política pela Yale University. Entrevista gravada em 18 de março de 2015.

Conversamos com Mozart Neves Ramos, que é diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna. Na entrevista, Mozart fala sobre a estratégia do governo federal para a educação, ressaltando que, de nada adianta o slogan “Brasil, pátria educadora”, se a pasta efetivamente não se tornar prioridade, mesmo num cenário econômico adverso e de restrição de gastos públicos. Nesse sentido, o entrevistado fala sobre as recentes decisões que envolveram a mudança de regra no Fies, além de apontar que a falta de investimentos no setor pode atrasar ainda mais as reformas que precisam ser feitas. Mozart discorre, ainda, sobre a necessidade de tornar mais atraente o conteúdo ministrado em sala, de modo não apenas a motivar os alunos no processo de ensino e aprendizagem, como também para preparar cidadãos mais conscientes. Mozart Neves Ramos foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco e foi presidente-executivo do Movimento Todos pela Educação. Entrevista gravada em 18 de março de 2015.

Conversamos com Salem Nasser, especialista em direito islâmico e professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Na entrevista, Nasser fala sobre a ascensão do Estado Islâmico, um dos principais tópicos da política internacional na atualidade. O entrevistado destaca como a estratégia do grupo se organiza, assim como explica as origens do projeto maior do Estado Islâmico: a criação de um califado para além das fronteiras regionais que hoje estão estabelecidas. Salem Nasser comenta, ainda, o papel das coalizões internacionais para enfrentar esse inimigo, além de observar que a “romantização da violência” tem sido uma das motivações para o aumento de jovens combatentes do lado do Estado Islâmico. Salem Nasser é doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo e coordenador Centro Global de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Entrevista gravada em 04 de março de 2015.

Conversamos com Demi Getschko, um dos pioneiros da internet no Brasil e conselheiro do Comitê Gestor da Internet. Na entrevista, Getschko fala sobre o impacto do Marco Civil da internet, quase um ano depois de sua aprovação, destacando os pontos que ainda não ficaram claros em torno do documento. Nesse sentido, Getschko comenta a liminar que pedia a suspensão do aplicativo WhatsApp: “Uma das coisas que o Marco Civil diz é isso: nós não devemos afetar a estrutura da rede porque alguém se comporta mal nela”. O entrevistado observa, ainda, a atuação do Comitê Gestor da Internet vinte anos depois de sua criação, além de apontar os próximos desafios da internet brasileira. Demi Getschko é doutor em Engenharia pela USP e professor-associado da PUC-SP. Em 2014, foi o primeiro brasileiro a ingressar no Hall da Fama da Internet, que reúne personagens cruciais para o desenvolvimento da rede no mundo. Entrevista gravada em 05 de março de 2015.

Conversamos com Fabrício Bloisi, fundador e CEO da Movile, empresa líder em desenvolvimento de plataformas de comércio e conteúdo móvel na América Latina. Na entrevista, Bloisi fala sobre o começo da empresa, destacando o interesse, desde o início, em estabelecer uma grande iniciativa global ligada à tecnologia. O entrevistado ressalta que a empresa ainda precisa avançar para alcançar esse objetivo; no entanto, Bloisi também salienta que o crescimento da Movile nos últimos anos mostra que existe um cenário promissor para as startups, especialmente aquelas cujas iniciativas estão vinculadas aos aplicativos móveis. Ao falar da estratégia de inovação da empresa, Bloisi comenta a importância dos erros para alçar voos mais altos. “Errar faz parte de nossa trajetória, porque estamos trilhando caminhos novos. É preciso arriscar, pois é assim que se cria grandes negócios”, diz o CEO. Entrevista gravada em 20 de fevereiro de 2015.

Conversamos com José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental. Na entrevista, Tundisi fala a respeito da crise hídrica, apontando como o cenário é grave não apenas para a Região Metropolitana do Estado de São Paulo, mas em todo o Sudeste, área que é um ponto vital para o desenvolvimento econômico do país, além de ser a região onde vivem 77 milhões de brasileiros. O entrevistado comenta, ainda, as experiências relacionadas à crise hídrica no exterior, destacando que é fundamental que haja diminuição da demanda do uso da água tanto pelos consumidores comuns como pela indústria e agricultura. E salienta a necessidade de conscientização da população. José Galizia Tundisi é professor-titular Universidade Feevale, Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, e vice-coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Recursos Minerais, Água e Biodiversidade (INCT Acqua). Entrevista gravada em 16 de fevereiro de 2015.

Conversamos com Marcio Utsch, que é o CEO da Alpargatas. Na entrevista, Utsch fala a respeito da trajetória da Alpargatas no momento atual, quando a empresa, para além dos calçados (e mais especificamente do sucesso global das Sandálias Havaianas), se estabelece em outras frentes, como o vestuário. Há 12 anos à frente da empresa, Marcio Utsch revela que prefere adotar uma estratégia de longo prazo em vez de alterar essa proposta anualmente. “O mundo está cheio de boas estratégias engavetadas; aquelas que estão sobre a mesa, implementadas, não são tantas assim”. O CEO da Alpargatas comenta, ainda, sobre os resultados obtidos com a operação da fábrica em Montes Claros, Minas Gerais. “Os resultados estão de acordo, mas atrasados”. Utsch destaca, ainda, a importância das marcas fortes para um cenário econômico instável como o atual. Entrevista gravada em 06 de fevereiro de 2015.

Conversamos com Pedro Corrêa do Lago, responsável pela curadoria da Coleção Brasiliana Itaú, que está em exposição desde dezembro de 2014 no Itaú Cultural. Na entrevista, Pedro Corrêa do Lago fala a respeito da formação do acervo, que contou com o apoio fundamental de Olavo Setúbal, a quem a exposição presta homenagem uma vez que o espaço da mostra leva o nome do seu patrono. Para além de destacar as pinturas e a coleção de moedas que compõem a exposição, o curador ressalta, também, a importância dos documentos históricos que ajudam a reconstituir momentos elementares da história do Brasil. Pedro Corrêa do Lago comenta, ainda, o fato da exposição não ter contado com qualquer apoio da Lei Rouanet. É uma decisão corajosa quando se leva em consideração onde está localizada essa mostra, num espaço nobre da cidade como a Avenida Paulista, diz o curador. Entrevista gravada em 02 de fevereiro de 2015.

Conversamos com o economista Naercio Menezes Filho, economista e pesquisador do Centro de Políticas Públicas do Insper. Na entrevista, Naercio Menezes apresenta as características conjunturais da economia brasileira, que, de forma singular, tem conseguido manter baixas taxas de desemprego, a despeito da corrente desaceleração econômica nos últimos meses. Para o economista, existem algumas explicações possíveis para este fenômeno, como a desaceleração do crescimento da população e a diminuição de taxa de participação dos jovens, que, antes trabalhavam e estudavam, agora podem se ocupar exclusivamente dos estudos por mais tempo. Ainda assim, o economista destaca que o aumento da produtividade é um desafio a ser superado no futuro próximo, haja vista que o crescimento econômico com base na contratação de mais mão de obra parece ter chegado a um limite. Naercio Menezes Filho é economista com PhD pela University of London, além de mestrado pela Universidade de São Paulo. Entrevista gravada em 12 de janeiro de 2015